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Cientistas descobrem vespa parasitoide que ataca moscas “Drosophila” adultas


Estágios de vida de Syntretus perlmani – (a,b) o desenvolvimento de larvas de vespa dentro de moscas hospedeiras (a) é acompanhado pelo crescimento de teratócitos de vespa (b, setas pretas), que podem ser vistos através da cutícula abdominal do hospedeiro e obstruem a visão dos testículos (b, seta branca). (c) O segundo e os seguintes instares larvais não têm cápsula cefálica e espícula caudal, e o último instar cresce até quase o comprimento da mosca hospedeira. (d) O desenvolvimento da pupa ocorre dentro de um casulo branco de seda, como é típico das vespas euforinas. (e) A emergência larval é sempre do abdômen e foi observada entre o segundo e o terceiro tergitos (dorsolateralmente) ou lateralmente através de um rasgo na cutícula abdominal. (f) A vespa adulta (macho mostrado) é pequena, marrom-amarelada e tem aproximadamente 1,5 mm de comprimento. Barras de escala, 0,5 mm (a–d) e 1 mm (e,f).

Pesquisadores norte-americanos descobriram espécie de vespa parasitoide que ataca e se desenvolve dentro de moscas adultas do gênero Drosophila. Este achado representa uma novidade no campo da biologia, pois, até então, não havia registro de espécies que parasitavam o estágio adulto de moscas, como a amplamente estudada Drosophila melanogaster, uma espécie-chave em pesquisas científicas.

A descoberta, realizada por uma equipe de pesquisadores em estados do sudeste dos Estados Unidos, revela que essa nova espécie de vespa, denominada Syntretus perlmani, infecta as moscas adultas por meio da postura de ovos dentro de seus corpos. O ciclo de vida da vespa inclui a eclosão das larvas que, ao se desenvolverem, emergem do abdômen da mosca, em um processo que dura cerca de 18 dias.

O parasitismo em adultos, conhecido como “imagobiose”, é uma estratégia rara entre os insetos, especialmente entre as vespas parasitoides. Normalmente, essas espécies atacam larvas ou pupas de outros insetos. No entanto, S. perlmani segue uma linha evolutiva distinta, pertencendo ao grupo Euphorinae, uma subfamília de vespas braconídeas conhecidas por sua capacidade de infectar adultos de outros insetos, como besouros e formigas.

Embora existam registros de vespas que atacam adultos de outros insetos, esta é a primeira vez que se observa esse comportamento em moscas do gênero Drosophila. Isso amplia a compreensão sobre a biodiversidade e a especialização de vespas parasitoides, abrindo novas possibilidades de estudo sobre como esses organismos evoluem para enfrentar os desafios de infectar hospedeiros adultos, que tendem a ser mais móveis e resistentes do que suas formas juvenis.

Drosophila melanogaster é uma das principais espécies modelo em estudos genéticos e biológicos há mais de um século. Por isso, a descoberta de uma vespa que a parasita em seu estágio adulto pode ter implicações profundas nas pesquisas futuras, sobretudo na compreensão de interações parasita-hospedeiro, imunidade, metabolismo e comportamento. Segundo os pesquisadores, o fato de S. perlmani usar uma espécie tão amplamente estudada como hospedeiro pode fornecer novos insights sobre mecanismos imunológicos e ecológicos.

Além disso, a nova vespa parasitoide pode auxiliar em estudos sobre a evolução de respostas imunológicas em diferentes estágios de desenvolvimento dos insetos. Como D. melanogaster é uma espécie de fácil manipulação genética, isso possibilita experimentos controlados sobre como esses insetos reagem ao ataque de parasitoides adultos.

Distribuição geográfica e frequência de infecção

A nova espécie de vespa foi coletada em armadilhas com iscas de frutas em ambientes rurais e suburbanos. As infecções por S. perlmani foram observadas em menos de 1% dos machos da espécie Drosophila affinis, coletados entre março de 2023 e fevereiro de 2024. Embora a taxa de infecção seja baixa, os cientistas ressaltam que ela varia ao longo do ano e de acordo com a abundância de hospedeiros.

Ao analisar amostras de DNA de moscas selvagens, os pesquisadores também encontraram sinais de S. perlmani em moscas D. melanogaster capturadas nos estados da Geórgia, Virgínia, Pensilvânia e Illinois. Isso sugere que a vespa pode ter uma distribuição mais ampla do que se imaginava inicialmente, com a possibilidade de parasitar diversas espécies de Drosophila.

Mais informações podem ser obtidas em doi.org/10.1038/s41586-024-07919-7

Drosophila adultas são parasitadas por uma espécie até então não descrita de euforino gênero Syntretus – Um filograma construído a partir de sequências de genes nucleares e mitocondriais concatenados de vespas euphorine selecionadas (esquerda), com imagens e descrições das espécies hospedeiras (direita). Os loci nucleares são genes que codificam a proteína do domínio da carbamoilfosfato sintase (CAD), 18S rRNA e 28S rRNA. O locus mitocondrial é COI. Membros dos táxons irmãos Cenocoelius e Asiacentistes são incluídos como grupos externos. As sequências de genes do grupo S. perlmani com alto suporte dentro do gênero Syntretus. Os ramos com valores de suporte de máxima verossimilhança semelhantes a Shimodaira–Hasegawa ≥ 0,9 são rotulados com um círculo. Os rótulos dos táxons são coloridos por ordem do hospedeiro. Os números de acesso à sequência do GenBank são listados nos Dados Suplementares. As fotografias do inseto hospedeiro são adaptadas com permissão da seguinte forma (de cima para baixo, excluindo a mosca-das-frutas): larva de cerambycida, Gilles San Martin sob uma licença CC BY 2.0; Nezara viridula, Bugwood.org, Robert e Lesley Ingram sob uma licença CC BY 3.0; Pityogenes chalcographis, Gilles San Martin sob uma licença CC BY 2.0; Formica sp., Bugwood.org, Joseph Berger sob uma licença CC BY 3.0; Apis mellifera, Bugwood.org, David Cappaert sob uma licença CC BY 3.0; T. carbonaria, Alison Bockoven; Disonycha triangularis, Bugwood.org, Joseph Berger sob uma licença CC BY 3.0; Coleomegilla maculata, Bugwood.org, Whitney Cranshaw sob uma licença CC BY 3.0; Helicoverpa armigera, Bugwood.org, Gyorgy Csoska sob uma licença CC BY 3.0; Formica obscuriventris, Gary Alpert; Acalymma vittatum, Bugwood.org, G. J. Holmes sob uma licença CC BY 3.0.

Fonte: Revista Cultivar

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