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Pesquisadores desvendam mecanismos que regulam nectários extraflorais em maracujá

Um estudo inovador liderado pelo professor Fabio Tebaldi Silveira Nogueira, do Departamento de Ciências Biológicas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), revela como sinais relacionados à idade regulam o desenvolvimento dos nectários extraflorais (EFNs) em folhas de maracujá. Publicada recentemente na prestigiada revista New Phytologist, a pesquisa explora fatores moleculares que influenciam essas estruturas, fundamentais para interações mutualísticas entre plantas e insetos.

Os EFNs, que se projetam das folhas, desempenham um papel crucial ao atrair insetos como formigas, oferecendo-lhes néctar em troca de proteção contra herbívoros. Apesar de sua importância ecológica, o impacto de sinais de maturidade no crescimento dos EFNs ainda era pouco compreendido.

Altos níveis de expressão do microRNA156, reduziu os teores de açúcares no néctar dos NEs e impactou negativamente a visitação de formigas Crédito: Jessica Ribeiro Soares

“Nosso objetivo foi desvendar como o miR156, um microRNA dependente da idade, regula a formação dos EFNs e como isso está conectado à heteroblastia, ou seja, as mudanças no formato das folhas ao longo do desenvolvimento da planta”, explica o professor Fabio Tebaldi.

O estudo examinou duas espécies de Passiflora com formas foliares distintas: Passiflora edulis (maracujá-doce) e P. cincinnata (maracujá-do-mato). Foram comparados os fenótipos dessas plantas com transgênicos manipulados para expressar diferentes níveis de miR156, que regula fatores de transcrição associados ao desenvolvimento das folhas e dos EFNs.

Entre os principais achados, destaca-se que baixos níveis de miR156 estão ligados à maturação das folhas e ao surgimento dos EFNs. Quando a expressão de miR156 foi aumentada, as plantas produziram EFNs menores e em menor quantidade. Em contraste, a redução da atividade desse microRNA resultou em EFNs maiores, especialmente em P. cincinnata. Além disso, alterações na atividade do miR156 impactaram o perfil de açúcares do néctar, afetando as relações ecológicas entre as plantas e as formigas que frequentam os EFNs.

“Esses resultados reforçam a ideia de que o desenvolvimento dos EFNs está intimamente relacionado ao programa de desenvolvimento das folhas que os carregam”, afirma o professor Tebaldi. A descoberta também abre portas para aplicações em ecologia e agricultura, ao possibilitar uma compreensão mais profunda sobre como plantas modulam suas interações com o ambiente.

Elaborado por: Caio Albuquerque

Fonte: Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – USP

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