Um estudo recente, conduzido pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), destaca o aumento previsto na demanda global por soja devido ao crescimento populacional mundial. O Brasil, como maior produtor mundial de soja, responde por 40% da produção global. Utilizando o modelo DSSAT-CROPGRO-Soybean, os cientistas brasileiros investigaram o potencial de rendimento da soja e as limitações enfrentadas, como a necessidade de água e nutrientes.
A pesquisa, que abrangeu diversas regiões produtoras de soja no Brasil, revelou que a produtividade potencial média da soja varia entre 3.952 a 6.084 kg por hectare, enquanto o rendimento potencial limitado pela água varia entre 3.133 a 5.186 kg por hectare. Os pesquisadores identificaram que 14% do potencial produtivo é perdido devido ao estresse hídrico, enquanto 42% das perdas são atribuídas a falhas de manejo, como datas de plantio inadequadas e práticas agrícolas ineficientes.
O estudo também apontou que cerca de 26% das áreas cultivadas com soja no Brasil necessitam de irrigação para mitigar os riscos associados à variação sazonal das chuvas. Se todas essas áreas fossem irrigadas, seria necessário um volume médio de 9.598 milhões de metros cúbicos de água para práticas de cultivo convencionais. No entanto, com a adoção de práticas conservacionistas, como o plantio direto combinado com melhorias nas condições de crescimento das raízes, o consumo de água poderia ser reduzido para 7.665 milhões de metros cúbicos, representando uma economia de aproximadamente 20%.
Outro ponto destacado foi a necessidade de uma gestão eficiente de nutrientes para alcançar o rendimento máximo da soja. A demanda média de nitrogênio foi estimada em 356 kg por hectare, enquanto fósforo e potássio foram necessários em 31 kg e 104 kg por hectare, respectivamente. No total, a pesquisa calculou que 31 milhões de toneladas de macronutrientes são essenciais para atingir o rendimento potencial da soja no Brasil.
Esses resultados ressaltam a importância de práticas agrícolas sustentáveis e de uma gestão eficiente de recursos para enfrentar os desafios da produção agrícola em um cenário de crescente demanda global. O estudo traz importantes implicações para políticas públicas e estratégias de manejo agrícola, visando otimizar a produção e reduzir o impacto ambiental.
A pesquisa integra a tese do pesquisador Evandro Henrique Figueiredo Moura da Silva, que defendeu o doutorado no programa de pós-graduação em Engenharia de Sistemas Agrícolas, sob orientação do professor Fabio Marin, do departamento de Engenharia de Biossistemas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP). O artigo está publicado no periódico Scientia Agricola e contou também com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Acesse na íntegra: https://www.scielo.br/j/sa/a/XqkCpgQLdPvmvzMLV8jHCvw/?lang=en.
Foto: Gerhard Waller
Fonte: ESALQ