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La Niña pode levar a aumento da insegurança alimentar, alerta FAO

Agência da ONU alerta que extremos climáticos tendem a prejudicar agricultura e cobra ação urgente contra os riscos do fenômeno

O fenômeno climático La Niña pode agravar os riscos à segurança alimentar em diversas partes do mundo, o que demanda uma ação urgente para mitigar seus efeitos negativos. A avaliação é da FAO, agência das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, em comunicado.

“À medida que La Niña se aproxima, os impactos esperados na segurança alimentar global incluem padrões de precipitação alterados, com riscos aumentados de chuvas pesadas e inundações em algumas regiões e secas em outras”, alerta a FAO.

Em nível global, a FAO alerta que o fenômeno ocorre depois de uma das mais severas ocorrências de El Niño, entre 2023 e 2024, que afetou mais de 60 milhões de pessoas em todo o planeta. E que a previsão é o La Niña permanecer pelo menos até março do de 2025, com a perspectiva de causar novos eventos climáticos extremos.

“O fenômeno climático La Niña deverá trazer eventos climáticos extremos com consequências severas para a segurança alimentar, principalmente porque cerca de 282 milhões de pessoas já enfrentam insegurança alimentar aguda e precisam urgentemente de assistência”, diz a FAO.

Em documento com ações para reduzir os efeitos do fenômeno sobre a produção de alimentos, a agência da ONU propõe duas frentes. Uma preventiva, para reduzir os ricos de choques provocados pelos extremos climáticos. Outra, de assistência imediata nos locais onde os prejuízos não puderam ser evitados.

As recomendações da FAO estão no Plano de Ação e Resposta Antecipara à La Niña. Além de ações preventivas e de resposta rápida aos efeitos do fenômeno climático, a agência propõe também o fornecimento de sementes e insumos para os agricultores de áreas afetadas pelo clima desfavorável retomarem a atividade.

Nos cálculos da instituição, executar o Plano demanda um orçamento de US$ 318 milhões, que seriam suficientes para atender 10,5 milhões de pessoas em 39 países com maior vulnerabilidade na Ásia, África e América Latina. A cada dólar aplicado em ações contra os efeitos do La Niña, o retorno aos agricultores é estimado em US$ 7, considerando o que se pode evitar de perdas e o que se consegue de benefícios adicionais.

“O próximo evento La Niña traz novas ameaças, incluindo secas, inundações e ciclones, o que pode agravar ainda mais a insegurança alimentar em regiões já em dificuldades”, alerta a agência da ONU.

Chances de La Niña

No dia 11 de setembro, a Organização Meteorológica Mundial (WMO), agência também ligada à Nações Unidas, calculou que há 55% de probabilidade de ocorrência de La Niña até o mês de novembro, e em 60% a de ocorrência até fevereiro de 2025. No comunicado, a instituição reforça que a condição chega em seguida de um El Niño.

O La Niña se caracteriza pelo resfriamento das águas do Oceano Pacífico a pelo menos meio grau abaixo da média histórica, ao contrário do El Niño, quando a temperatura sobe meio grau em relação à média. A condição para um ou outro deve se manter por pelo menos cinco trimestres para caracterizar o fenômeno como ativo.

No Brasil, a ocorrência do La Niña causa, historicamente, uma situação de tempo mais seco no Centro-sul e mais chuvoso no Centro-norte. Para o território brasileiro, a meteorologia prevê a ocorrência de novas ondas de calor em algumas regiões. Há possibilidade também de frentes frias na região Sul do país.

Neste momento, o país passa por mais um período de onda de calor, o sétimo registrado neste ano. Ao longo da semana, em meio a um clima seco e com baixa umidade relativa do ar no interior do país, as temperaturas vão subir ainda mais, com a preocupação crescente para o aumento dos focos de queimadas.

O calor acima do normal deve atingir áreas do Centro-oeste, Sudeste e Sul. O sistema vai seguir o mesmo padrão das anteriores. O bloqueio atmosférico se estabelece na região central, intensifica a massa de ar quente, que impede a formação de nuvens carregadas e dificulta a passagem de frentes frias, explica a Climatempo.

Foto: Jonathan Campos/AEN
Fonte: GloboRural

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