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Pólen apícola, um alimento funcional

O pólen é o gametófito masculino, sendo produzido pelas anteras dos estames de plantas, como as angiospermas e gimnospermas. As abelhas coletam diversos produtos nas flores que visitam, entre eles o pólen. Para o transporte, ele é acumulado em um depósito, localizado nas patas traseiras, chamado de corbícula. Para as abelhas, o pólen é fonte de proteínas naturalmente disponível, além de fornecer lipídios, vitaminas, carboidratos e sais minerais.

Figura 1. Abelha transportando pólen na curbícula.
Fonte: D. L. Gazzoni

O pólen apícola é o resultado da aglutinação do pólen das flores, utilizando néctar e substâncias salivares das abelhas. Para a produção comercial de pólen apícola, o mesmo é coletado pelos apicultores, na entrada do alvado das colmeias, utilizando coletores específicos.

O uso de pólen apícola, como alimento ou medicamento, é milenar, havendo registros de seu consumo pelas civilizações romana, grega e egípcia. Textos médicos do século XII descrevem pessoas que usavam pólen de abelha como sedativo e afrodisíaco. Também foi usado para doenças estomacais e cardíacas.

Mas avançando para os dias de hoje, quais são os benefícios para a saúde, reconhecidos pela Ciência, adicionando pólen apícola à sua bebida matinal ou à salada? Existem diversos estudos recentes que demonstram os benefícios.

O pólen apícola pode variar muito em sua composição química. Um estudo do Dr. Pascoal e equipe refere que a composição pode oscilar entre 13% e 55% de carboidratos, 0,3% a 20% de fibras brutas, 10% a 40% de proteínas e 1% a 10% de gorduras ou lipídios, também contendo vitaminas e sais minerais, além de teores variados de flavonoides e polifenois, responsáveis pela maior parte dos benefícios à saúde.

Em estudos conduzidos em 2021 foi demonstrado que o pólen de abelha é um produto antiviral eficaz. É especialmente potente contra vírus que causam doenças respiratórias graves, como os coronavírus humanos e um estudo específico demonstrou um efeito redutor da intensidade e da duração dos sintomas da COVID-19, nos pacientes que receberam pólen apícola. Para esse estudo, foi utilizado o pólen coletado das flores de papoula (Papaver rhoeas).

Um estudo publicado na revista Herba Polonica concluiu que o consumo de pólen de abelha diminui o teor de triacilglicerois no plasma sanguíneo de ratos e coelhos. A equipe da profa. Komosinska-Vassev efetuou uma revisão de diversos estudos, os quais mostravam o efeito hipolipemiante do pólen apícola, cujo consumo reduz a quantidade de gordura ou lipídios no soro sanguíneo dos pacientes. De acordo com os estudos, em pacientes com arteriosclerose houve redução nos níveis de colesterol no sangue e melhora da visão.

Figura 2. Abelha com grãos de pólen sobre o corpo
Fonte: D. L. Gazzoni

O pólen de abelha pode proteger o corpo de reações alérgicas porque impede que os mastócitos, um tipo de célula imunológica, liberem histaminas. As histaminas causam picos de reações alérgicas, como urticária, vermelhidão e coceira. Um estudo da equipe do prof. Medeiros, da Universidade Federal da Paraíba, concluiu que o extrato fenólico de pólen de abelha, administrado a ratos, reduziu parcialmente o choque anafilático entre outras reações alérgicas, como inflamação das patas e asma.

O pólen de abelha pode ajudar a reduzir a inflamação não bacteriana da próstata. Em ratos, o pólen de abelha melhorou a inflamação causada pelo inchaço da próstata, de acordo com um estudo publicado no International Journal of Advanced Research.

Devido ao seu efeito no sistema imunológico, o pólen de abelha também pode reduzir o risco de doenças como o câncer e doenças neurodegenerativas, de acordo com um estudo conduzido pela equipe do Dr. Peng Lu. Em algumas partes da China, o pólen de abelha coletado de nabos oleaginosos é usado como preventivo contra o câncer, sendo que aquele coletado de rosas-de-praia nativas do leste da Ásia (Rosa rugosa) pode ter algumas propriedades antitumorais.

Pelos estudos acima, verifica-se que o pólen apícola, além de se constituir em alimento altamente nutritivo, também pode apresentar uma série de benefícios à saúde, sendo um exemplo didático de um alimento funcional.

Elaborado por
Décio Luiz Gazzoni

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