O olericultor Márcio Alexandre Cequinato Bassetto, de Botucatu (SP), decidiu investir no ano passado no plantio orgânico de uma cultivar nacional de batata desenvolvida pelo IAC (Instituto Agronômico) para a agricultura familiar, colheu bons resultados de produtividade e qualidade e aumentou a área neste ano.
Márcio, que já tinha planos de investir no sistema orgânico, está finalizando a colheita e já sabe o destino de toda a produção: vai abastecer a merenda escolar na região de Botucatu por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Recentemente, ele entregou 500 quilos da variedade Axel para a merenda escolar de São Manuel.
A semente desenvolvida pelo Núcleo Regional de Pesquisa em Itararé do IAC foi apresentada ao produtor pelo engenheiro-agrônomo Flávio Chueire, que atua com agroecologia e sistemas de produção orgânica na Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), Regional Botucatu.
Segundo Chueire, o cultivo de batatas na região, que engloba Pratânia, Conchas, Laranjal Paulista, Bofete, Pardinho e Itatinga, tem se tornado um bom negócio para os agricultores e as escolas, pois grande parte da plantação é de base ecológica, isto é, sem o uso de agrotóxicos, beneficiando produtores, consumidores e o meio ambiente.
“As cultivares nacionais desenvolvidas pelo IAC são altamente adequadas para o cultivo da agricultura familiar, pois são resistentes a doenças foliares e podem abastecer, além das merendas escolares, feiras do produtor e mercados locais, em todas as formas de circuitos curtos de comercialização, beneficiando quem produz e, ao mesmo tempo, quem consome”, disse o agrônomo em nota.
As sementes foram desenvolvidas a partir do cruzamento do banco de germoplasma próprio do IAC datado da década de 70 e feito com variedades do Peru com as principais cultivares importadas da Europa que dominam o mercado. A pesquisa é conduzida por Thiago Factor, que destaca a importância da parceria com a Cati para que os produtores conheçam e testem as variedades.
Segundo Factor, as sementes de batata nacional produzidas pelo IAC permitem a redução de agrotóxicos em plantio convencional e podem ser usadas em sistemas orgânicos por serem mais resistentes a pragas e doenças.
“As variedades que estão no mercado e são amplamente cultivadas são todas importadas. E quando você importa, vem junto a necessidade de muitas intervenções fitossanitárias. Não é incomum se deparar com produtores pulverizando até 30 vezes a lavoura durante o ciclo.”
Além da variedade Axel, que tem sido a mais plantada pelos produtores de Botucatu, o IAC também está desenvolvendo sementes de batatas nacionais de polpa colorida (branca, amarela, creme e roxa) visando a abertura de novos nichos de mercado na gastronomia gourmet.
Fonte:Globo Rural