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Bezerras mal colostradas têm o dobro de chances de morrer durante o aleitamento

Considerado essencial para o bom desenvolvimento de bezerros durante seus primeiros dias de vida, a oferta de colostro, líquido que antecede a produção de leite das vacas após o parto, tem impacto direto na taxa de sobrevivência desses animais.

A informação pode não ser nova para os mais experientes, mas um levantamento realizado pela empresa de genética bovina Alta junto a mais de 200 mil vacas desde 2017 demonstrou que, quando mal realizada, a colostragem pode implicar uma taxa de mortalidade duas vezes maior quando comparado àqueles que receberam o manejo considerado “ótimo”, ou seja, com colostro de qualidade oferecido nas primeiras 24 horas de vida do animal.

“Para um animal hoje ser bem colostrado é preciso de três elementos básicos: tempo, quantidade e qualidade”, resume o Gerente de Neonatos da companhia, Rafael Azevedo.

Pós-doutor em zootecnia pela Universidade Federal de Viçosa, ele explica que esse manejo exige, acima de tudo, uma boa logística do produtor, já que a quantidade de colostro disponível pode não ser suficiente ou não possuir a qualidade ideal – medida em Brix a partir da concentração de imunoglobulina G, proteína ligada ao sistema imunológico dos animais.

“Diferente dos humanos, os bovinos possuem um tipo de placenta que não permite a transmissão de anticorpos. Então toda a imunidade do bezerro é adquirida via ingestão do colostro”, observa Azevedo. O índice considerado ideal para a avaliação feita pela Alta é de 25%.

O dado é considerado estratégico para a avaliação de desempenho dos animais monitorados pela Alta e tem demonstrado relação direta também com a produção de leite e idade ao primeiro parto. Entre o grupo considerado com excelente colostragem, a produção ficou 600 quilos acima da média da amostra, composta 80% por vacas holandesas.

Já em relação à idade ao primeiro parto, a diferença entre as novilhas bem colostradas e mal colostradas tem sido de dois meses, segundo o monitoramento realizado pela Alta. “Isso impacta demais na produção de leite porque a vaca só vai começar a ser rentável quando ela produzir leite na primeira lactação. E para isso ocorrer ela precisar ter seu primeiro parto”, lembra o zootecnista.

Nesse sentido, ele ressalta que, apesar de essencial, a colostragem precisa também estar inserida num plano de manejo completo, que abranja também a nutrição e a sanidade dos animais nos seus primeiros meses de vida.

“A colostragem é o ponto inicial, oferecida nas primeiras 24 horas de vida do animal. Dali em diante, tudo que o produtor fizer bem feito durante o tempo de aleitamento vai impactar no futuro dessa novilha”, completa Azevedo.

Fonte: Globo Rural

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