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Onda de frio: como manter o gado protegido e saudável?

Em Mato Grosso do Sul, o frio extremo causou a morte de bovinos — Foto: Iagro-MS/Divulgação

A onda de frio que vai deixar parte do Brasil com temperaturas 5ºC inferiores à média por alguns dias não é motivo de atenção apenas para as pessoas. Os animais também precisam de cuidados para garantir saúde e proteção. As baixas temperaturas podem até levar à morte, como ocorreu em uma fazenda em Mato Grosso do Sul, entre o fim de junho e início de julho, onde mais de cem bovinos não resistiram ao frio extremo.

O Inmet emitiu alerta laranja. Há riscos de geada, chuva congelada e até de neve na região Sul até o fim desesta semana. Sudeste, Centro-Oeste e parte do Norte, principalmente Rondônia e Acre, sentirão os efeitos do tempo mais frio. E a preocupação com a saúde dos rebanhos aumenta, afirmam especialistas e reprsentantes de entidades que reúnem pecuaristas.

De acordo com Luiz Orcirio Fialho de Oliveira, diretor da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), a rápida inversão térmica, o ambiente desprotegido e os animais debilitados formam um conjunto de iminentes perdas aos pecuaristas.

“Todos os anos convivemos com períodos de estresse ambiental e climático para os animais, seja na forma de uma seca intensa ou mesmo de um frio forte. Neste ano, as duas coisas estão acontecendo ao mesmo tempo, o que leva a aumentar os riscos de mortes no rebanho. Evitar perdas é fundamental para o sucesso da atividade pecuária, em especial no momento em que as margens de lucros estão pequenas. Precaver significa garantir o sucesso da atividade e minimizar prejuízos”, explica.

Como proteger os animais da onda de frio?

Em julho, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Gado de Corte) divulgou uma nota técnica com orientações e estratégias para a redução de danos durante o período mais gelado.

“Não há como escapar das quatro estações do ano e conviver com suas características climáticas. Todo ano teremos o outono e o inverno, estações de poucas chuvas e muito frio, algumas vezes de forte intensidade, que poderão causar mais ou menos mortes, podendo ser mitigadas por meio da adoção de ações preventivas”, diz a publicação.

Pesquisador em nutrição animal na Embrapa, o diretor da Acrissul orienta que o produtor rural deve começar a se preocupar com o inverno ainda durante o verão. Uma recomendação é usar a chamada técnica do “feno em pé”: vedar uma área da propriedade e torná-la uma reserva para quando o pasto não crescer ou perder nutrientes.

“Medidas contra o frio garantem o bem-estar dos animais e, consequentemente, sua saúde e garantia de sobrevivência em períodos críticos do ano, como em situações de frio intenso”, afirma.

Outras recomendações para proteger o gado da onda de frio são:

•Otimizar as vendas e fazer a redução da carga animal da propriedade para evitar a superlotação e a perda de peso;
•Vacas paridas com bezerros acima dos quatro meses e com baixo escore de condição corporal devem ser desmamadas preventivamente;
•Produzir alimentos conservados para alimentar os animais no inverno;
•Realizar tratamentos preventivos para ectoparasitas, endoparasitas e plano de vacinas;
•Elaborar um projeto para repovoamento de árvores ou formação de bosques na propriedade com foco na proteção aos animais.

O que fazer durante a onda de frio?

Buscar proteção para o rebanho em áreas florestadas com “capões de mata” ajuda a diminuir os impactos do frio, como a hipotermia, que é a diminuição grave da temperatura e pode causar a morte. Os locais, segundo a Embrapa, servem como “agasalho” contra o vento. Abrir cantos nas cercas para o gado caminhar em busca de proteção e levar os mais debilitados para locais aquecidos e com alimentação adequada também é importante.

O que fazer depois que a onda de frio passar?

Com a passagem da onda de frio, recuperar os animais é prioridade. E, no momento em que os pastos estão fracos e com poucos nutrientes, ofertar o que estava armazenado, como capim picado, cana-de-açúcar e folhas, ou conservado, com as silagens e forragens, torna-se a saída para os produtores. Também é recomendado pelos especialistas:

•Fornecer suplementos com proteína para auxiliar a digestão;
•Avaliar se há a necessidade de retirar os animais debilitados da propriedade;
•Estudar e recuperar estragos na água da propriedade no período de frio;
•Criar parceria com agricultores da região, adoção tecnológica e implementação de áreas mais florestadas.

Mais onda de frio?

A onda de frio prevista para os próximos dias não deve ser a última. Desirée Brandt, meteorologista e sócia da Nottus Consultoria, explica que o inverno em 2024 deve ter pelo menos mais uma até a chegada da primavera, em 22 de setembro, às 09h44 (de Brasília), segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Os modelos mais estendidos de previsão do tempo indicam queda acentuada de temperatura no início do próximo mês, masm talvez, não tão intensa quanto a prevista agora.

Escrito por: Daniela Walzburiech

Reproduzido de GloboRural

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