Pesquisadores da Universidade de Göttingen, Alemanha, argumentam que a promoção genérica de polinizadores, apesar de importante, tem negligenciado fatores como a identidade das espécies de polinizadores e a distribuição espacial de cultivares, ambos determinantes na qualidade dos frutos.
“Não basta aumentar a densidade de polinizadores. É essencial entender o comportamento específico de cada espécie e planejar a disposição das cultivares nos campos agrícolas”, afirma o professor Teja Tscharntke, um dos autores.
Impactos econômicos
Cerca de 75% das principais culturas agrícolas dependem parcial ou totalmente de polinizadores, que contribuem para 35% da produção global de alimentos.
Além disso, as culturas dependentes de polinização animal representam mais de 90% da vitamina C e antioxidantes na dieta humana, gerando um valor econômico anual estimado entre US$ 235 e 577 bilhões.
Espécies como abelhas demonstram impactos diretos na qualidade nutricional de produtos agrícolas. Por exemplo, na colza, aumentam os ácidos graxos insaturados e o teor de óleo, enquanto no abacate, elevam o peso dos frutos e a qualidade comercial.
Cultivares e interações
A qualidade dos frutos também depende da interação entre a identidade do pólen transferido e a escolha das cultivares.
Estudos com morangos, por exemplo, revelaram que frutos polinizados por abelhas apresentam maior firmeza, menor deformidade e melhor coloração em comparação à autopolinização. No entanto, esses efeitos variam entre cultivares, destacando a importância da seleção genética e do planejamento agronômico.
Outros casos, como na macadâmia e no café arábica, mostram que o transporte de pólen entre cultivares próximas pode melhorar significativamente a qualidade e o rendimento das safras. No entanto, a má disposição espacial ou a limitação de espécies polinizadoras pode comprometer o cruzamento eficaz.
Design inteligente
A configuração do campo e do entorno natural também desempenha um papel essencial.
Paisagens mais complexas, com maior diversidade de habitats, atraem comunidades polinizadoras mais ricas, enquanto monoculturas extensas reduzem a diversidade de espécies e a qualidade da polinização.
Em culturas como maçãs, a disposição de cultivares polinizadoras próximas aumenta a eficiência e a qualidade do fruto.
Deixe um comentário